Divido aqui com os leitores deste site um pouco da minha História…sobre o que me motivou a tratar a halitose. Escrevi este texto há mais de 17 anos e é incrível o quanto ele é real e fiel para os dias atuais.
Tenho uma motivação muito pessoal, que me levou a olhar para o paciente de uma forma global, holística. Quando eu estava com os meus vinte anos comecei a somatizar uma série de doenças. Todos os médicos pelos quais eu passava olhavam apenas para a doença e me medicavam (isso aconteceu durante dois anos), até o momento em que fui examinado por uma médica que teve uma conduta muito profissional e humana. Ela desmarcou todos os pacientes que viriam depois (e eu nem pagava consulta, pois meu pai era médico), e, após 2 horas, ela diagnosticou que eu estava sofrendo de stress físico profundo, mandando-me parar com todos os medicamentos, fazer natação cinco vezes por semana e, na primeira oportunidade, fazer psicoterapia.
De lá para cá não parei mais de aprender sobre o stress, sobre mim mesmo e sobre a vida, porém isso gerou-me um grande problema em minha profissão, a odontologia. Eu queria olhar muito mais do que apenas para uma boca. Há alguns anos, quando eu me deparei com o estudo e tratamento da halitose, foi uma satisfação muito grande poder trabalhar olhando para o ser humano como um todo, o que é indispensável, pois existem muitas interligações entre os sintomas e suas diferentes causas. Daí então surgiu uma grande motivação, pois essa abordagem holística é muito interessante.
A palavra holismo tem sido muito usada atualmente. Existem pessoas que não sabem o que ela significa ou que a utilizam de maneira errônea, e ainda há outras que têm até um certo preconceito contra essa palavra. Na verdade, o termo holístico vem do grego – holos – que significa todo, inteiro. Na área de saúde, um tratamento com uma visão holística seria considerar o ser humano como um todo: corpo, mente, emoções, pensamentos, sentimentos, tudo interligado e não fragmentado.
No tratamento de halitose, por existirem mais de 50 causas e pelo fator emocional ter uma grande importância na ocorrência de diversos sintomas, nós temos que olhar para o paciente como um todo. Devemos investigar a parte emocional, as diversas áreas do organismo, pois sabemos que a maneira como as pessoas pensam e agem acaba afetando seu organismo, e a maneira como trata o seu corpo acaba afetando a área emocional, por exemplo.
Uma pessoa que não se exercita regularmente pode acabar tendo um acúmulo maior de emoções, por vezes difíceis de lidar como raiva, ansiedade, ódio, mágoa, etc. Hoje se sabe que a retenção dessas emoções pode gerar uma queda no sistema imunológico, deixando o organismo vulnerável a inúmeras doenças.
Aparecem o stress e a depressão gerando como conseqüência inúmeros sintomas.
Especificamente na área de halitose ocorre freqüentemente a diminuição da produção de saliva (xerostomia), o que propicia a formação da saburra lingual, que é uma das maiores vilãs do mau- hálito.
Este é um exemplo do motivo pelo qual encaramos os nossos paciente como um todo e procuramos conduzir nossa consulta dessa forma holística, pois sabemos que tudo está intimamente ligado.
Durante nossa consulta, mesmo que apareçam desequilíbrios que não estejam relacionados diretamente com a halitose, nós sempre encaminhamos o paciente ao especialista correspondente. Se tivermos dúvidas, pediremos exames de laboratório para poder oferecer ao paciente o que há de melhor em medicina preventiva, como profissional da área de saúde.
É impossível equilibrar a saúde sem uma observação global. A medicina e a odontologia preventiva têm um papel preponderante. Nós sabemos que a melhor maneira de não adoecer é trabalhar preventivamente. Acreditamos que exercícios físicos regulares, uma dieta alimentar equilibrada e uma série de hábitos saudáveis fazem com que a pessoa fique com uma proteção muito grande contra toda e qualquer doença. Sempre damos uma orientação nesse sentido, porque o que faz bem para um sistema ou parte do organismo, faz bem para o todo e vice-versa.
O profissional da área de saúde precisa hoje ter uma formação multidisciplinar, ter uma noção no mínimo razoável de todas as áreas correlatas com a área em que atua, para não correr o risco de ser um “especialista” que conhece a fundo sua especialidade, porém, deixa muito a desejar diante do todo que é um ser humano.