O texto a seguir foi selecionado pois o considerei muito ilustrativo para desenvolver este assunto ainda polêmico: quando devemos retirar as amígdalas?

Por Prof. Dr. Otacílio Lopes Filho

Amigdalas: operar ou não e porque

Foi no mínimo preocupante assistir num dos programas de televisão de maior audiência no Brasil, um ilustre Médico afirmar ao repórter : amígdalas não se operam mais! e o repórter pergunta: Porque? e ele responde: porque tira a resistência!

Como se sentiram naquele momento as pessoas que haviam sido amigdalectomizadas e seus médicos?

Não há dúvida de que se trata de assunto polêmico . De uma sistemática indicação cirúrgica há algumas décadas, à uma indicação mais racional em nossos dias, muitas opiniões ainda são divergentes.

De acordo com noções mais recentes da Imunologia , as amígdalas são estruturas produtoras de células que participam de nossa imunidade local ou sistêmica, quer humoral (linfócitos B) ou celular (linfócitos T).

As células B (produtoras de imunoglobulinas) responsáveis pela imunidade imediata e as células T (linfócitos), pela imunidade tardia também podem ser produzidas no anel linfático de Waldeyer (do qual a amígdala faz parte). A sua remoção poderia trazer danos ao sistema imunitário e em especial à imunidade local . As amígdalas seriam uma primeira barreira de nosso organismo contra agressões do sistema ambiente.

Reconhecendo estas noções como verdadeiras, a amigdalectomia só deveria ser feita quando apoiada em argumentos sólidos.

Recentemente Bernstein e col. publicaram na Revista da Academia Americana de Otorrinolaringologia (Otolaryngology – Head and Neck Surgery 109, 4: 693-700 , 1993), os resultados de uma pesquisa demonstrando que as amígdalas cronicamente inflamadas produzem uma interleucina-2 defeituosa, que as tornam imunologicamente incompetentes. Esta publicação , de uma das maiores autoridades da Imunologia Americana, vem explicar a razão das infecções recorrentes em portadores de amigdalite crônica.

Tendo por base os conhecimentos da Imunologia da amígdala, as indicações cirúrgicas, foram muito reduzidas porém continua sendo uma operação absolutamente necessária para um grande número de pacientes.

A apnéia obstrutiva do sono (doença que pode levar à morte súbita durante o sono) tem como sua principal etiologia as amígdalas muito aumentadas de tamanho, o que pode ocorrer tanto na criança como no adulto. Nestes casos a amigdalectomia torna-se uma operação absolutamente e indiscutivelmente necessária.

Há no entanto outras indicações para a cirurgia, que são consideradas relativas, uma vez que não são causa de morte: são as infecções bacterianas agudas e muito freqüentes. A freqüência e a gravidade de cada crise aguda dever ser analisada com cuidado para a indicação da amigdalectomia . A halitose ( quando provocada pela produção de caseo fétido pelas amígdalas), e a presença de focos de infecção (as bacterídes de acordo com noções mais recentes) constituem-se em outras indicações relativas da amigdalectomia.

Apesar de Bernstein e col. terem demonstrado que as amígdalas cronicamente inflamadas sejam incompetentes para a produção de anticorpos , a indicação para a sua remoção , só se justifica mediante uma cuidadosa análise de cada caso em particular e na criança com a participação de seu Pediatra.

Fonte: http://www.lincx.com.br/lincx/saude_a_z/problemas/amigdalas.asp

Considerações a respeito do respeitável texto acima e dos critérios de quando devemos extrair as amígdalas:

OBSERVAÇÃO: Algo a se considerar e que não foi mencionado no texto acima, e que é um importante argumento contrário à extração das amígdalas, é o risco de hemorragias, que é a complicação mais frequente neste tipo de cirurgia e que pode ocorrer em torno de 1 a 2% dos casos. Esta complicação é mais ameaçadora à vida do paciente quando ocorre nas primeiras 24 horas do pós-operatório (hemorragia primária) devido ao risco de aspiração e laringoespasmo.

Resumindo, quando extrair as amígdalas?

De acordo com a American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery, em seu Clinical Indicators Compendium de 1995, devemos extrair as amígdalas:

1-) Quando houver infecções recorrentes, mais de 03 vezes ao ano, apesar de terem sido devidamente tratadas;

2-) Em casos de abcesso periamigdaliano que não respondam ao tratamento médico e drenagem;

3-) Em casos extremos de câncer de amígdalas e otite supurativa recorrente ou média com efusão;

4-) Quando as amígdalas forem muito grandes, podendo ocasionar: apnéia obstrutiva do sono, complicações cardiovasculares, dificuldade de engolir ou maloclusão dentária. Neste sentido, de acordo com a figura abaixo, nos casos de amígdalas Grau III, a extração depende de uma análise criteriosa e em casos de amígdalas Grau IV a cirurgia sempre é indicada:

IMPORTANTE: A Halitose por amigdalite caseosa costumava ser uma indicação para a amidalectomia radical.

A boa notícia é que a presença da halitose por cáseos não é mais uma indicação para a cirurgia das amígdalas, pois há uma opção de tratamento conservador, que sempre deve ser tentada, com ótimas possibilidades de sucesso.
Para maiores informações, acesse www.caseosamigdalianos.com.br ou www.halitofresco.com.br/halitose/kits-de-produtos-halitus